terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A transitoriedade da vida

Estava indo ao cinema com meu marido, sábado à tarde, quando ficamos presos num engarrafamento. Não muito longo, mas o suficiente para percebermos que havia acontecido alguma coisa - um acidente, talvez. Com a curiosidade meio mórbida, passamos pelo aglomerado de ambulâncias e carros de polícia, esticando o pescoço para ver o que houve na pista oposta.

E lá estava ele, um rapaz de trinta e poucos anos, caído no chão, rodeado de sangue. Parado um pouco adiante, um caminhão com a frente amassada.

Fiquei arrasada com aquela cena. Pensei no jovem morto, na vida que ele levava e que não levaria mais. Perguntei-me se ele tinha esposa ou filhos. Talvez sua mulher estivesse grávida. Talvez fosse se casar em breve. Pensei na mãe dele. Em como ela seria avisada. No desastre que seria sua vida a partir de então. Na saudade. Na dor de nunca mais abraçar o filho. Pensei também no sentimento de culpa do motorista. Será que ele conseguiria dormir à noite? A imagem do rapaz morto lhe sairia da cabeça algum dia?

Fiz uma curta oração - não sou uma pessoa muito religiosa -, pedindo a Deus que levasse a alma do moço para algum lugar melhor. Passamos pelo acidente e o trânsito começou a fluir.

Então me virei para meu marido e perguntei:

- Será que vamos chegar a tempo de ver o filme?

Alguns minutos depois chegamos no cinema, compramos pipoca e demos boas gargalhadas.

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