quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nós e nossos bichos

Acho que não há nada tão mágico e estranho do que a ligação entre as pessoas e seus animais de estimação. Ontem, depois de muito tempo distante das minhas gatinhas, vivi um momento emocionante de "reencontro". Minha filha tem bronquite, o que me obrigou a desalojar minhas gatas e montar um novo lar para elas no quartinho dos fundos. Depois de alguns dias tendo que enxotá-las de casa (com o coração em pedaços), finalmente consegui afastá-las de casa. De mim. Pelo bem da minha filha. Nossa interação se resumia aos minutos diários em que eu colocava comida e água nos potinhos. E assim fomos nos desligando, pouco a pouco.

Mas, ontem, algo aconteceu. Um barulho ensurdecedor no quintal fez Lili, minha linda siamesa, esquecer seu orgulho e arranhar a janela me pedindo para deixá-la entrar. Fiquei sem reação. Como negar? Ela estava apavorada. Minha filha já estava dormindo. Então, segui meu coração. Abri a janela. Ela entrou em disparada, parando debaixo da mesa da sala, com seus olhinhos brilhantes me encarando cheios de saudade e interrogações. Bem, ela já estava lá dentro, que mal faria se subisse no sofá? Chamei-a com aquele barulhinho que usamos para chamar os gatos. Aos poucos ela foi se chegando, hesitante, passo a passo. Quando eu parava o barulho, ela parava de andar. Ela se rendeu e subiu no sofá, com o corpinho meio duro sem saber se encostava em mim ou não. Fiz um carinho na sua orelha e ela literalmente desabou. Eu senti minha gatinha se entregando. Eu senti sua tensão se dissipando. Ela começou a ronronar baixinho, fechou os olhos e se aconchegou ao meu lado, como nos velhos tempos. Eu também devo ter ronronado, eu acho. Vivemos um momento lindo. Estávamos claramente emocionadas com nosso reencontro e ficamos ali, imóveis, com medo de fazer qualquer movimento brusco que quebrasse o encanto.

Não, hoje eu sei, nada será capaz de quebrar esse encanto novamente.
Incrível como a vida é. Quando nos esforçamos demais em busca de um objetivo, ele parece cada vez mais distante. Por outro lado, quando deixamos o destino fluir, nossos sonhos aparecem como mágica diante de nossos olhos.

Seria isso obra do acaso? Seria conspiração do universo? Seria fruto daquela centelha eternamente acesa dentro do coração, que nos faz jamais perder a esperança? Seria Deus, finalmente sendo justo? Seria a vida, retribuindo nossas boas ações? Seria o próprio destino, testando nossas convicções?

Seja obra do acaso, do universo, de Deus, da vida ou do destino, o fato é que a vida é incrível
e que nunca devemos parar de sonhar.

Por mais irreal que a meta pareça, por mais distante que o desejo se encontre, um dia, tudo valerá a pena.

E não fará a menor diferença saber de quem foi a culpa.