quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bird by bird

Um menino de 10 anos de idade estava apavorado diante de um gigantesco trabalho sobre pássaros. Ele teve cerca de duas semanas para fazer a tarefa de casa, mas não havia redigido uma única linha até a véspera da data de entrega. O pai, um sábio escritor, o aconselhou: "Um pássaro de cada vez, filho. Escreva sobre um pássaro de cada vez."

O que isso tem a ver comigo? Bem, essa história está no livro Palavra por palavra, de Anne Lamott (Editora Sextante, R$19,90), que estou lendo, saboreando e usando para me inspirar a escrever. A autora - irmã do menininho enrolado com o trabalho de casa - afirma que é justamente assim que devemos começar a escrever: palavra por palavra, pássaro por pássaro. Uma pequena recordação da infância, uma breve descrição de uma cena eternizada no porta-retrato. Tudo o que precisamos fazer é simplesmente fazer.

Eu estava empolgadíssima com o livro, até abandoná-lo para dar conta de mais um frila. Sabe o que realmente me angustia? Não é o fato de que dificilmente serei publicada, ou de que é impossível viver disso, ou de que eu realmente preciso praticar. O que me aflige é a percepção de que, mesmo tendo clareza de todas essas coisas, eu não sei por que pássaro começar.

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